14 de maio de 2011


"Não, já lhe disse, eu não sei como começou. "Sempre foi forte", ela me fala. Eu acreditei . Eram olhos de luz.
Era noite e minha cama tinha outros vestígios ... Mas eu acreditei porque sentia o mesmo. "Talvez eu nem pudesse estar aqui",pensei,com certo medo do depois. Mas parecia brotar uma flor num ponto específico do peito, apesar de todas as contingências.  Na verdade, tinha outros planos para os próximos meses, para o próximo ano.
Desde o primeiro dia sabia que não  poderia deixar de viver o que era óbvio apesar de turvo, apesar de tão novo que sufocava algumas idéias. Minhas racionais concepções não tinham espaço de ser.
(...) Um amor imenso se revelava a cada dia. Como luz, como liberdade, como pássaro que volta pro ninho por opção, apenas por que lá é mais doce. Por que lá é silêncio, é presente ... Uma espécie de colo e desejo, muito, muito  desejo, que não dá vontade de despedida. Pés quentes depois de um dia pisando em pedras. Fogo em corpos pré-aquecidos por uma vontade de um dia inteiro.
Alimentar-se de segurança e cuidados, não era um acordo , era uma troca que se fazia naturalmente, por que a vida era simples e bonita assim.
O combinado não precisava de verbo. Nem de papéis, nem de escolhas acertadas.
" Meus olhos são seus", ela me disse. Acreditava. Eu acreditava sim. Em nosso jardim nasciam flores imensas... e eu acreditava.
(...)Tenho até hoje um quintal com nossos versos. E tenho fios de ouro que ligam nossas idéias. (...)
" até quando permanecerei com você aqui dentro?",eu disse.  Essa resposta nunca veio. Tentamos até hoje, até agora, tentamos a resposta.
Existe um jogo, que a observo fazer, que se repete . Um ciclo. Um morde asssopra, um vai já indo, um doce meio azedo.Eu sei, eu tenho lágrimas nos olhos,mas enxergo. Eu enxergo. (...)
O que não se despede é uma força da vida, que insiste em deixar espaços e casos nos unindo. Nossos fios de ouro...
"Você sabia que conversamos, mesmo sem nos vermos há tanto tempo?" ela disse. Eu acreditei, eu sabia, eu me sufocava de tantas lembranças. "sim, eu sabia",eu disse. E minha resposta era pequena para a imensidade de tudo que tinha guardado para um dia dizer. Ou pra nunca dizer?
Tudo volta quando nos olhamos tão de perto. Sempre me pergunto se iremos para algum fim melhor que esse, um fim nosso, parecido com a gente. "Isto me confunde todos os dias", ela disse. Eu entendi.
 Li em Guimarães Rosa que " o que tem de ser tem muita força".
 " Aprendi sobre a força da vida com você",
eu disse, ela também disse.
 E juntos perguntávamos onde estava então morando nosso jardim.  "

Ele.

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